O candeeiro

Tenho um candeeiro na mesa de cabeceira. Quem o viu diz que não há peça de beleza equiparável, é de formas esguias e elegantes, tez de um branco reluzente, na cabeça ostenta um chapéu bordado à mão com uma perícia matemática, capuz esse que lhe aprimora o visual cuidado, Sortuda é o que tu és, quem me dera a mim ter um assim. Eles não sabem que o candeeiro não dá luz. Chego a casa, perturbo o equilíbrio do interruptor e nada, troco a frágil lâmpada abrigada pelo chapéu bordado e nada, todos os dias nada, sempre nada. E assim refugiada no espaço que é meu deixo-me existir, na escuridão triste do candeeiro que não dá luz, em coma sobre a mesa de cabeceira.

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