Música é, logo existe

Música é amor em clave de sol, é remédio dos gagos de alma, quando a voz do coração quer e as palavras não dão. É cativeiro dos espíritos livres, dedos em cordas viciados sequestrando ouvidos a cada acorde desferido, Quantas semibreves são necessárias para raptar os teus?
Música é desejo e revolução, balas de cravos rasgando as ruas em staccatos de glória, porque o povo é quem mais ordena dentro de ti, ó cidade. É uma nesga de luz no Inverno do peito, quando o sangue chove e o frio aperta, quente quanto baste para derreter o gelo que anestesia o âmago dos corpos.
Música é silêncio quando tem de ser, o intervalo no caos de pentagramas cheios, porque o excesso também precisa de ausência como o dia precisa da noite, o branco precisa do preto, um oposto conferindo o sentido de ambos. É abcesso sem cura num bolsar constante, um pus chorado por coccus em êxtase, o bichinho da música dos dizeres populares.
Música és tu e eu, duas semicolcheias em legato unas, ladeadas por corações de bemol e meio.

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