Memórias de caloira

Há uns anos estava eu por esta altura a fazer a minha primeira história clínica. Foi no centro de saúde, uma senhora dos seus 60 anos, franzina, simpática, pequenita. Mas com uma história de vida enorme. Tinha-lhe sido detectado um carcinoma do pulmão há uns valentes anos. Após um percurso repleto de vitórias e recidivas, encontrava-se agora em estado terminal, com alguns meses de vida. Nunca tinha fumado, injusto.

No fim de uma longa conversa, e antes de se despedir, abraçou-me com um sorriso.

- Desejo-lhe muita sorte para o seu futuro e nunca se esqueça de ser feliz. Um dia quando for médica vai lembrar-se que houve uma velhinha com cancro que lhe disse isto.

Vou com certeza. Sem dúvida alguma.

1 comentário: