O medo da morte

Foi numa noite de céu limpo que ele deixou de ter medo da morte. Na verdade, ele não sabia o que era a morte, até então nunca a tinha visto, tocado ou cheirado, e o conceito abstracto do nada depois do tudo era demasiado inverosímil a um cérebro de folha verde, Simplesmente adquiriu o medo por osmose, Não pode ser coisa se quem já a viu passou a chorar negro e a tremer cada vez que essas cinco letras se reúnem num rugido estridente. Naquela noite de céu limpo via-se uma cidade de estrelas, salpicos de luz gémeos num universo acima do nosso. Não, reparou, nem todos eram iguais,
- O que é aquele ponto gordo mais brilhante que os outros?
- É uma estrela prestes a morrer, filho. As estrelas são mais bonitas quando morrem.
No uau! que lhe brotou dos lábios, percebemos que a partir daquela noite de céu limpo ele nunca mais teria medo da morte.

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