Das (quase?) amizades

Nos primeiros anos da faculdade era tudo pipocas doces. Éramos dos grupos de amigos mais estáveis e unidos que conhecíamos, havia dinâmica, havia partilha, havia cumplicidade, uns laços mais fortes do que outros, isso em todos os grupos se encontra. Mas não importava, porque apesar disso estávamos sempre lá uns para os outros, ninguém era deixado para trás, se um sugeria cinema lá ia a tropa em grande festa para a sala dos ecrãs grandes, se era para fazer jantares havia sempre uma casa a oferecer e mãos prontas para cozinhar, se um de nós estava mal partilhávamos todos da mesma dor, para não doer tanto a uma só pessoa. Durante muito tempo achei que tinha encontrado as amizades que ia levar comigo para o túmulo, dizem que essas coisas se encontram nas faculdades, até. Fazia sentido. Agora que o curso está para acabar, o que resta desse grupo maravilha são só cinzas e mágoa. Já ninguém está preocupado com o bem estar de ninguém, se x não responde a um convite há logo drama e burburinho, porque só pode significar que não quer saber, porque está com outros e não está comigo, porque já não gosta de mim que lhe dei tudo, e exigi ainda mais mas shiuu que não é para saber, porque é pobre e mal agradecido e nhó nhó nhó. Não percebo que raio de amizades são estas que amargaram com o tempo, parece que andou tudo a desenvolver anticorpos ou a infundir raiva nas veias.

2 comentários:

  1. subscrevo. mais uma vez percebi que a vida muda e as pessoas se revelam e mudam com ela. e só os verdadeiros permanecem. por muito cliché que seja é a verdade que encontrei numa situação parecida

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  2. também me espetaram com essa teoria dos amigos da faculdade são para a vida... aconteceu-me exactamente o que descreves. percebo agora que isso, não são amizades! :)

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