A decadência

Perdemos o orgulho no tempo. Já nada existe para durar, telemóveis de tecnologia ímpar que morrem entre dedos num par de anos e não importa, porque mais virão, mais e melhores, restaurantes à escura luz, lenha em cinzas largada num canto do fogão em lágrimas, porque esperar já não é um valor, comida rápida, comida pronta, estômago cheio. O compromisso? Esse fecharam-no à chave no baú das recordações, o caixão das almas penadas que não resistiram à corrida das relações cruas, do álcool e dos pós, do sexo vazio, das mãos loucas cravadas num corpo convulso. Da manhã ébria desfeita em cacos de linhas curvas sem encaixe. A estabilidade é língua morta. O amor sufixo defunto.

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