Das despedidas

Esta aventura de um mês está já a espreitar o fim do túnel. Ainda tenho caminhos por actualizar nos mapas de amor, que a net é escassa e o tempo idem, mas estou oficialmente nos últimos dias em piso estrangeiro. Consigo cheirar a nostalgia, é demasiado cedo, um parto prematuro da cidade e da gente que me recebeu sem preconceitos, sussurros ou esgar de olhos. Tornaram-se rotina as manhãs com ressonares vizinhos, os passeios de pijama por corredores estranhos, a caça às panelas perdidas, as máquinas de roupa clara e roupa escura, as portas da frente a bradarem música e clamores ébrios às quatro da madrugada, qual passarinho alentejano esquizofrénico. Ganhei mais que o espaço livre que trazia nos bolsos, e levo de volta comigo um pedacinho de cada um, do bom e do mau, viver em família não deixa lugar para esconder defeitos, birras de exaustão e discussões à boca fechada. Mas o azedo faz tanto sentido como o doce, ou nunca descobriríamos o equilíbrio do sabor perfeito. Quero as minhas pessoas e a minha casa de volta, sim, mas também peço para que este mundo de ruas-verde-viçoso e pontes-de-dragões-amor continue a ser meu.

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