O poço

Fui irresponsável. Não acreditei se me diziam,
- Não és diferente de ninguém, também tu podes cair no poço.
- Não, os poços foram feitos à medida dos outros e eu não me desequilibro.

Mentira, cada casa tem um poço e o meu tem-me a mim, lá no fundo onde cresce o sujo e o podre, onde a noção do espaço e do tempo, do tu e do eu deixa de fazer sentido, onde o monstro Medo com os seus dedos longos e viscosos algema mãos e pés, come o ar que vibra nas cordas vocais, e eu definho impotente, enchendo o poço de lágrimas até uma mão amada e assertiva me gritar o estúpido de me deixar morrer afogada na minha própria covardia. Todos temos um poço, todos temos uma mão, Pára de chorar e confia, ergue-te! sou feliz outra vez.

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