No aeroporto

Naquela torre de Babel, ela esforçava-se por se manter inteira. As suas mãos tremiam finamente, cativas nos bolsos do sobretudo para que ninguém as visse, mas os seus olhos, esses, incapazes de esconder a tristeza perante a inevitabilidade fria do depois, Voo com destino a Paris, partida prevista para hoje, com atraso de um amor. Ele no seu fato camuflado destacava-se na multidão, ali o verde selva não o encobria, pelo contrário, transportava-o para um lugar de guerra pelos olhos alheios, tal como o bilhete que segurava entre dedos viciados em gatilho. No último beijo os seus lábios repetiram os movimentos do primeiro, Porque um fim pode ser um novo início,

- Um dia voltaremos a encontrar-nos neste mesmo lugar e continuaremos onde ficámos.

mentiu,

- Eu sei.

respondeu sorrindo, e ele soube que também ela mentia..

1 comentário:

  1. Às vezes assumir a verdade dói demasiado, por isso mentimos a nós próprios.

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